Crise ensinou lições e preparou cooperativa  para novos desafios

ESTÚDIO A HORA - CONTEÚDO PARA MARCAS

Crise ensinou lições e preparou cooperativa para novos desafios

A Languiru de Teutônia reestruturou seus negócios e prepara estratégias para se fortalecer no mercado com novas parcerias

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Crise ensinou lições e preparou cooperativa  para novos desafios
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Desde 2015, a cooperativa teutoniense adotou medidas austeras para enfrentar os desafios que vinham pela frente. O mix superior a 500 produtos foi reduzido para menos de 300. A estratégia de eliminar do protfólio aqueles que tinham um alto custo de produção e cujo resultado não acompanhava a mesma proporção, deu certo.

Quase três anos depois, a Languiru sente os reflexos positivos da decisão e, aos poucos, retoma lançamentos mais alinhados com a característica momentânea do mercado. O faturamento de R$ 1,25 bi foi preservado, e a distribuição de sobras aos mais de 4 mil associados volta a ser garantido no próximo balanço.

O bom momento da Languiru vem com outro ingrediente importante: as parcerias com outras marcas e cooperativas co-irmãs. Um exemplo é o processamento mensal de 500 toneladas de salsichão para a cooperativa Aurora de Chapecó. Na área de leite, uma parceria com a Tirol permitiu acabar com 50% da ociosidade da planta fabril da catarinense e absorver a produção excedente.

Languiru cresceu mais 7 posições no ranking das 500 maiores empresas da Região Sul

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Igualmente, um negócio com a Consulate de Pelotas colocou a Languiru mais perto do Porto daquela cidade para desovar seus produtos, especialmente na área de leite em pó.

Em 2018, uma das apostas da cooperativa teutoniense é estreitar as relações com a vizinha cooperativa Dália, de Encantado. Os primeiros encontros para tratar de futuras parcerias já ocorreram, informa o presidente Dirceu Bayer.

Ele próprio incorporou a questão em sua agenda para tratar do assunto como uma das prioriedades nos próximos meses. “As duas cooperativas têm negócios parecidos e podem se fortalecer, por meio de alianças e práticas saudáveis”. Cita a capacidade fabril da Dália na industrialização de leite em pó e de aves, assim como a Languiru possui um enorme frigorífico de suínos com capacidade para abater 2,5 mil animais ao dia.

O enxugamento de custos na operação interna e de algumas relações comerciais também aparecem na lista de acertos da Languiru, nos últimos dois anos. O fim de compromissos financeiros pesados previstos para o início de 2018, igualmente, permitem vislumbrar um ano promissor. “Reflexo de grandes investimentos no passado recente, estas parcelas bancárias mais substanciais deixam de sangrar o caixa daqui para frente”, observa Bayer.

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Apesar dos fatores positivos citados, somados a boa articulação da matriz produtiva e de receita da Languiru, não há espaço para cochilar. Segundo o presidente, 30% do faturamento atual da cooperativa não depende diretamente da industrialização do frango, leite ou suínos. “Vem de outros negócios – supermercados, fábrica de ração, agrocenters e outros. Isso nos permite uma certa segurança e evita dependência demasiada da tríade principal de produção dos associados da cooperativa. Afinal, todos conhecemos as instabilidades no setor industrial em nosso país, sem falar do clima. Logo, é bom não esquecer isso”.

A Languiru também integra o ranking 500 Maiores do Sul, projeto da Revista Amanhã e PwC Brasil, lançada no mês de novembro. Melhorou seu desempenho no ranking, passando da 118ª posição para a 111ª. Entre as 100 maiores empresas do Rio Grande do Sul, a Languiru passa a ocupar a 42ª posição (era 46ª no ranking anterior).

A Languiru ainda figura no ranking das 50 maiores receitas líquidas do Rio Grande do Sul, ocupando a 35ª posição, superando R$ 1,1 bilhão em 2016, incremento de 10,73%. Nesse cenário, interessante observar que a Languiru registrou a maior variação percentual positiva em receitas líquidas no setor de cooperativas de produção. Numa análise mais criteriosa do ranking, a Languiru também surge como a maior empresa com sede no Vale do Taquari.

Dirceu Bayer, 63 anos, engenheiro agrônomo, com MBA em agronegócios e cooperativismo, preside a Languiru desde 2002.

Dirceu Bayer, 63 anos, engenheiro agrônomo, com MBA em agronegócios e cooperativismo, preside a Languiru desde 2002.

2018 promissor para a Languiru

Entrevista com presidente

Estúdio A Hora – Como a Languiru enfrenta o atual contexto econômico recessivo e competitivo?

Bayer – Ainda em 2015 adotamos uma série de medidas e, desde então, nos preparamos para tempos mais tensionados. Enxugamos a estrutura administrativa, oxigenamos a equipe, renegociamos taxas financeiras, diminuímos custos e eliminamos produtos com alto valor de produção que nem sempre deixavam uma margem coerente. Os investimentos em tecnologia e inovação nos permitem vislumbrar boas e sólidas evoluções. Mas não dá para cochilar. O mercado é cruel e não há espaço para amadorismo. Mas diria que a profissionalização da gestão é o acerto principal.

Estúdio A Hora – A estratégia de encolher o portfólio não impactou nas vendas?

Bayer – Nossa ação foi cirúrgica. Ao mesmo tempo em que cortamos produtos, fortalecemos nossa base de atuação naqueles produtos que deixam melhor margem. A qualidade e logística da Languiru são boas. Isso nos ajudou a crescer e avançar nas gôndolas com produtos tradicionais, os já conhecidos pelo consumidor. Investimos, apertamos e flexibilizamos, ao mesmo tempo, para nos tornar mais eficientes e competitivos. Isso equacionou a diferença.

Estúdio A Hora – Com a estrutura organizada e o alvo melhor direcionado, a coopertiva pretende lançar novos produtos em 2018?

Bayer – Temos fôlego para isso e acredito haver demanda reprimida. A questão é discutir e analisar melhor, pois não podemos desconsiderar as mudanças de consumo nos últimos anos. Os produtos de valor mais agregado perderam espaço. Por isso, a nossa movimentação será muito baseada nesta alteração do consumidor. Mas, sim, a Languiru seguirá com lançamentos de alguns produtos mais nobres.

Estúdio A Hora – O leite, por causa da importação do Uruguai, continua um problema. O que esperar?

Bayer – Sim. Estamos vigilantes, não apenas a Languiru, mas todas as cooperativas e as pequenas empresas do setor gaúcho. No momento em que somos impactados com um produto inferior e sem a mesma carga tributária, confirma-se uma concorrência muito desleal. Nossos produtores não tem capacidade de competir por causa da alta carga de impostos nos insumos. No Uruguai, produzir um litro de leite custa bem menos. O governo precisa rever isso. A pressão segue por todos os lados, pois coloca em xeque nossa cadeia produtiva no Rio Grande do Sul. E mais, coloca em risco nossa matriz econômica e o sustento de milhares de famílias gaúchas. O jeito é enfrentar de forma coletiva e articulada este assunto.

Estúdio A Hora – A Languiru fez pesados investimentos nos últimos anos. Valeu a pena, ou se excedeu?

Bayer – Sem dúvida isso foi vital. Não tivesse feito, agora não conseguiria mais. O fator mais positivo é o fim de alguns compromissos financeiros pesados que cessam no início de 2018. Chegamos em um momento onde a solidez é importante. A profissionalização e inovação tecnológica da Languiru permitem vislumbrar novos parceiros interessados na sua capacidade operacional. Não fosse isso, tavez ficaríamos às margens. Fizemos o tema de casa enquanto era possível. Agora é se preparar para novos desafos e alianças cada vez mais sólidas. Pessoalmente, estou muito disposto a estabelecer uma atuação conjunta entre Languiru e Dália. Temos problemas e desafios comuns. Constuir alternativas inteligentes para ambas é o que nos fará mais fortes. Estou convencido disso, assim como a direção da Dália. Acredito na força e na essência do cooperativismo. E a região tem essa característica.

Estúdio A Hora – O que os associados, funcionários, clientes e fornecedores podem esperar nos próximos anos da Languiru?

Bayer – Uma empresa mais eficiente. Cada vez mais inserida e preocupada com toda sua cadeia de atuação. Os funcionários valorizados garantem a qualidade dos produtos que vendemos aos consumidores. Relações de ganha-ganha entre fornecedores, produtores e clientes completa o ciclo da nossa operação que deve gerar resultados aos nossos associados. Estamos trabalhando para isso e e as ameaças ou eventuais dificuldades que se imporem serão enfrentadas com habilidade, firmeza e estratégia.

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