Incrível observar tantas janelas lindas, floridas, decoradas e abertas! Sim, o que mais me impressiona quando observo as janelas dos antigos prédios empilhados nas ruelas estreitas da Europa são que a maioria delas permanece com as venezianas abertas. Algumas, mesmo que quiséssemos, não poderiam ser fechadas porque estão desempenhando um novo papel, sustentando diversos vasos com heras, begônias e outras plantinhas despretensiosas.
Se é mesmo verdade que quando uma porta se fecha Deus nos abre uma janela, por lá, essa metáfora pode ser visualizada. Já imaginou poder viver com as janelas escancaradas? Poder sentir o vento entrar e sair, o sol chegar e partir. Observar os raios, a chuva, as pessoas passando de um lado para o outro. Poder viver sem temer.
Penso que essa é a sensação que aqui devemos explorar. Poder viver sem temer que alguém vai entrar por ela e invadir nossa morada. Que alguém vai entrar pela janela que Deus abriu e roubar-nos o sono com sentimentos de insegurança, desesperança.
Normalmente não escrevo com tons de crítica social ou política, mas o que vivemos agora em nosso país de fato me levou a pensar que as tais janelas que Deus generosamente nos abre toda a vez que estimula nossa criatividade para novas atitudes, novos negócios, novos empregos, novos recomeços, novas esperanças, parecem se fechar rápido demais com tanta tempestade que anda rondando nossas vidas: tributos, encargos, insegurança, mentiras, desonestidade, incompetência e outras ervas daninhas estão plantadas e enraizadas nos vasos que mantêm nossas portas e janelas cada vez mais fechadas. Desculpem o desabafo, mas é que no Brasil as nossas janelas têm sido arrombadas e não abertas e, certamente, Deus não tem nada a ver com isso.
