O Ministério da Educação e Confusão

Opinião

Carlos Cyrne

Carlos Cyrne

Professor da Univates

Assuntos e temas do cotidiano

O Ministério da Educação e Confusão

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Se tem a ideia de que quando as mudanças ocorrem serão para melhor, não é o que se verifica com a Educação no Brasil. Minha caminhada na educação não é longa, mas já não posso ser considerado um calouro. No sítio do ministério, consta que a sigla MEC surgiu em 1953, quando a Saúde ganhou autonomia e surgiu o Ministério da Educação e Cultura. Em 1985, foi criado o Ministério da Cultura e, em 1992, lei federal transformou o MEC no Ministério da Educação e do Desporto. Somente em 1995, a instituição passou a ser responsável apenas pela área da educação.
 
Hoje me pergunto se não deveríamos atribuir um novo significado: Ministério da Educação e Confusão, tantas são as trapalhadas que temos acompanhado em somente 100 dias. Nos últimos anos tive a oportunidade de acompanhar a trajetória do ministro Paulo Renato, que levou à quase paralisação das instituições públicas federais pela falta de aporte de recursos. Com a chegada do ministro Cristovam Buarque, surge o Programa de Apoio a Planos deReestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), que permitiu o retorno dos investimentos, porém, ao mesmo tempo, o ministro fazia a defesa de maior aporte de recursos para educação básica, o que desgostou os integrantes da Andifes e culminou com a saída do ministro.
 
Em seu lugar assume o ministro Tarso Genro, período em que tivemos a criação do piso nacional do magistério (piso este que, enquanto governador, não conseguiu pagar). Seguindo tivemos a assunção do ministro Fernando Haddad, finalmente voltávamos a ter estabilidade. Foi um período de crescimento nas matrículas, financiamento estudantil por meio do FIES (que posteriormente fez água), investimentos na expansão das universidades públicas federais, o novo Plano Nacional de Educação (aprovado em 2014). Posteriormente, temos Aloizio Mercadante, particularmente, não lembro de nada relevante. Quando acreditávamos que a confusão havia terminado eis que, em um ano, quatro ministros: Henrique Paim, Cid Gomes (por dois longos meses), Luis Cláudio Costa e Renato Janine Ribeiro, esperança de que voltássemos aos trilhos, mas…durou seis meses, substituído por Aloizio Mercadante que retorna para mais seis meses. No Governo Temer, têm-se como ministros Mendonça Filho e Rossieli Soares, mais dois que não me permitiram guardar nada do que fizeram.
 
Em 2019, troca de governo, sai uma ideologia e se instala outra, porém a confusão continua. Assume um ilustre desconhecido, Ricardo Vélez Rodríguez, um verdadeiro Trapalhão, bem que poderia ter integrado a turma do Didi, nada apresentou, nem ações e nem mesmo propostas. Quer dizer, solicitou que se cantasse o hino nacional nas escolas, com certeza isso transformaria a educação brasileira. Eis que vem a substituição, que só não é recorde pois temos o Cid (alguém lembra dele?).
 
Agora temos mais um desconhecido no meio acadêmico, Abraham Weintraub, que já chega criando confusão com a sugestão de que alunos que cometem atos violentos nas escolas percam os benefícios do bolsa família e que a polícia seja acionada. Veremos o que teremos, mas ao fazer essa rápida retrospectiva, fico muito inclinado a acreditar que continuaremos a ter um Ministério da Educação e Confusão.

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