“A morte é um dia que  vale a pena viver”

Opinião

Jonas Ruckert

Jonas Ruckert

Diretor do Colégio Teutônia

Assuntos e temas do cotidiano

“A morte é um dia que vale a pena viver”

Por

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A frase impactante acima é título de um livro da médica geriátrica, especialista em cuidados paliativos, e escritora Ana Cláudia Arantes. Talvez seja um dos livros mais reflexivos que já li e que me fez repensar sobre a qualidade dos meus hábitos, dos meus relacionamentos e da minha própria existência. Sobre a temática, a Dra. Cláudia tem palestrado pelo Brasil. Recomendo a leitura, a mim igualmente recomendada, pela centralidade do tema em nossas vidas, pelo tabu em que a morte foi alocada, mas principalmente pela oportunidade do despertar de consciência para com a questão da nossa existência.
 
Mudar de ponto de vista não é simples. Trabalhando no meio educacional percebo que, naquilo que pressupõe reposicionamento e um ajuste de foco para a tomada de atitude, há um campo de complexidades. Igualmente percebo que demoramos muito para entender a brevidade da vida. O fato é que todo mundo quer fugir da morte, sem se dar conta de que ela é uma ponte para a vida. A pergunta é: se a vida é feita de histórias, o que estamos fazendo com a nossa? É interessante como expressamos o medo da morte, contudo, diante dela seguimos nos alimentando mal, fumamos, bebemos, dormimos pouco, sofremos além da conta… O que separa o nascimento da morte é o tempo.
 
É estranho perceber pessoas olhando repetidas vezes para o relógio esperando o fim do dia. Na verdade, torcem para que o tempo passe mais rápido e, inconscientemente, sua morte se aproxime mais rápido. Não morremos no dia de nossa morte, mas a cada dia. Com ou sem dinheiro, com família ou sem, com ou sem trabalho. Então: por que não nos preparamos? Afinal, é nossa única certeza.
 
Vamos ao que interessa: a vida. Essa que traz no seu dilema a questão do trabalhar para viver versus o viver para trabalhar. Todos pensamos na vida como um tempo de realizações. Para alguns é viajar, para outros adquirir bens e há aqueles que preferem se dedicar a acumular e multiplicar recursos financeiros. A ideia de ser (verbo) humano, para a Dra. Claudia, significa existir e fazer a diferença onde estamos, por ser quem somos.
 
Estamos diante de possibilidades e oportunidades. E trago a questão para o contexto educacional, seara do meu cotidiano profissional: com o advento da Base Nacional Comum Curricular e diante dos estudos sobre o novo ensino médio temos a possibilidade de olhar para a vida a partir da elaboração de itinerários que possam se ocupar com as dimensões da carreira, como também com a dimensão do existir. Políticas públicas, secretarias de educação e escolas, juntamente com seu corpo docente e comunidade escolar, têm a oportunidade de pensar e implementar currículos, autênticos em seu propósito, como ação transformadora de vidas. Educar para cooperar, empreender, ser autônomo e sujeito social feliz podem e são bons desafios para os currículos.
 
É preciso convocar todos os entes sociais e notificar as pessoas de que temos possibilidades aqui e agora, nas escolas que circundam nossas vizinhanças, onde estão as nossas crianças. Antes de ser tarde e não sentirmos mais a diferença entre colocar os pés na terra ou dentro do sapato gelado engajemo-nos para a mudança. Vamos viver mais e melhor! Vamos conviver! É o que penso. É minha opinião.

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