Pedágios jurássicos

Opinião

Ardêmio Heineck

Ardêmio Heineck

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Pedágios jurássicos

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Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

A concessão de rodovias no Estado foi implantada no Governo Britto (1995/1998). Lembro da nossa caótica malha rodoviária. A BR 386, cheia de crateras, causando pneus e rodas quebrados e horas de espera, por socorro. A free way, esclerosada, com apenas duas pistas de cada lado. Foi um alívio quando, então, inúmeras estradas foram concedidas à inciativa privada e arrumadas. Em contrapartida, começou-se a pagar para utilizá-las. Segundo o Presidente da CIC Vale do Taquari, Pedro Barth, no A Hora destes dias, “os pedágios são um mal necessário”. De um lado, geram indignação. Pagamos tributos para termos estradas boas e investimentos nas rodovias, só que são insuficientes para União e Estado atenderem as necessidades. De outro lado, provocam alívio e dão segurança com as estradas em boas condições que nos disponibilizam. O Vale do Taquari ficou cercado com postos de cobrança. Indo a Encantado, Venâncio, Porto Alegre, Garibaldi ou Pouso Novo, lá estavam eles.
Haviam gargalos que geravam indignação diária, mal gerenciados. Dois exemplos: o pedágio entre Farroupilha e Caxias, e o entre Gravataí e Porto Alegre. Milhares de pessoas eram oneradas porque obrigadas a passar por ali diariamente por residirem numa cidade e trabalharem noutra. Na nossa região, a indignação também foi crescente. Pagávamos, aumentando nosso custo logístico sem que grandes obras de melhorias e duplicações acontecessem. Apenas a manutenção da pista de rodagem e do acostamento. Talvez não tivessem sido negociadas, já que a pressão, à época, era termos, ao menos, rodovias em condições de trafegabilidade. O alargamento da 386 entre Tabaí/Canoas e a duplicação Lajeado/Estrela/Tabaí aconteceram com verbas federais, não dos pedágios, graças à mobilização regional, tornando-nos privilegiados na conexão com a Região Metropolitana. Com dezenas de vidas poupadas e com ganhos econômicos.
A pressão levou à não renovação dos contratos das concessões no Governo Tarso Genro (2011/2014). Veio a EGR para nossas RSs e a 386 ficou sem pedagiamento.
Em 2017 discute-se novo programa de concessão de rodovias federais, inclusive a BR 386. Licitado no fim do Governo Temer, suscita questões incômodas como: 1º) por que lançar programa desta envergadura nos últimos três meses de um Governo? 2º) a colocação de dois postos de pedágio entre Lajeado e Porto Alegre. Nos onera com custo logístico tremendo, sujeito a inibir novos investimentos por aqui. Financiaremos boa aparte da duplicação até Carazinho, pois nos 110 km entre Paverama e Fontoura Xavier (o próximo posto), não há cobrança. Milhares de veículos transitarão por ali sem custo, quando o ônus poderia ter sido melhor distribuído; 3º) a jurássica e onerosa forma de cobrança em postos fixos de pedagiamento. A CIC Vale do Taquari e a Federasul defenderam, sem sucesso, a cobrança eletrônica, com redução de custos e nas tarifas, sem congestionamentos e maior agilidade. Como já acontece em outros países, ao passar-se por portais colocados a cada 20 km, a cobrança impacta em um chip colocado nos carros. Paga-se mensalmente os quilômetros efetivamente rodados.
Os novos postos de pedágio em Triunfo e Paverama que começam a cobrar em fevereiro, até o absurdo que vemos na free way, na obra faraônica em implantação para receber o novo posto de cobranças, substituindo o de Gravataí, deixam a sensação de que não evoluímos no modelo de concessão de rodovias. Continua igual ao da década de 1990. Jurássico.
Infelizmente, agora não há o que fazer. Mas a nossa luta deve ser para que nosso Estado, nas concessões de RSs que anuncia, não incorra no mesmo equívoco. É imprescindível a modernidade da cobrança eletrônica das tarifas.

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