“Justiça seria uma tragédia dessas nunca mais acontecer”

Incêndio na Kiss

“Justiça seria uma tragédia dessas nunca mais acontecer”

Moradora de Paverama, Diana Tischer, mãe de uma das vítimas, ainda aguarda por justiça. Primeiro julgamento do caso está marcado para março

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“Justiça seria uma tragédia dessas nunca mais acontecer”
Estado

Nem com fogo ou a inalação da fumaça. Fernanda Tischer morreu desnucada enquanto tentava fugir do incêndio na Boate Kiss. A pequena queimadura no rosto e os cabelos pretos em função da fumaça mostravam que a moradora de Paverama de 21 anos estava perto da saída quando se tornou vítima da tragédia registrada em janeiro de 2013.
Passados sete anos, o sentimento da mãe Diana Tischer, 52, ainda é de indignação. Para ela, as chamas foram causadas por uma “sucessão de erros” possível de ser evitada e que se repete em festas na atualidade. “Justiça seria uma tragédia como essa nunca mais acontecer”, afirma.
Pelo noticiário, Diana acompanha as manifestações pedindo a celeridade no julgamento dos quatro réus suspeitos de responsabilidade no incêndio. Entretanto prefere não participar das ações. “É triste ver que 242 pessoas morreram e nada foi feito ainda. Mas tento deixar o rancor de lado para seguir a vida”, conta.
Morando em Linha Santana, Diana cuida da propriedade leiteira com ajuda da filha Thais, 21. É no quintal da propriedade que costuma se recordar da primogênita. “Um mês antes de morrer, ela disse que queria ser cremada. As cinzas serviriam para adubar o roseiro. Ela adorava rosas”, comenta.
Para a mãe, Fernanda sempre será lembrada como a jovem apaixonada pelo campo que saiu do interior para se tornar veterinária e auxiliar no futuro da propriedade rural. “Infelizmente, ela não voltou mais para casa”, lamenta.

Pedido por Justiça
Para marcar a passagem dos sete anos da tragédia, a Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM) realizou vigília em memória dos mortos na madrugada de segunda-feira.
Vestindo camisetas estampadas com fotografias dos filhos, o grupo de cerca de cem pessoas percorreu em silêncio os 450 metros da Praça Saldanha Marinho, no centro, até a Rua dos Andradas, em Santa Maria.
Na frente dos escombros da Kiss, pais e mães das vítimas rezaram e prestaram homenagens. Um coração foi pintado no asfalto e iluminado com velas.
Julgamento para março
Elissandro Spohr, Mauro Hoffmann (sócios da Kiss), Marcelo de Jesus dos Santos e Luciano Leão (vocalista e ajudante da banda Gurizada Fandangueira) são réus no processo criminal que apura as circunstâncias do incêndio na boate Kiss.
Eles respondem por 242 homicídios e por 636 tentativas, com dolo eventual (quando se assume o risco de matar).
A definição do local dos julgamentos é o atual entrave paro sequência do processo. Em dezembro de 2019, a 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça (TJ) atendeu pedido da defesa e decidiu que Spohr, seria julgado em Porto Alegre, em data a ser definida.
Argumento é que a transferência para outra comarca evitaria tumultos e garantiria imparcialidade do júri.
Para o dia 16 de março, está marcado o júri dos outros três réus. Eles serão julgados no Centro de Eventos da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), às 10h.

Tragédia da Kiss

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