“Um raio cai sim duas vezes no mesmo lugar”

Reconstrução do Cristo

“Um raio cai sim duas vezes no mesmo lugar”

A história curiosa é contada pelo artista Tarcísio Sulzbach Wick, que por duas vezes restaurou o Cristo Rei da Escola Vidal de Negreiros, atingida por raios em 2004 e 2008

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Atualizado segunda-feira,
10 de Fevereiro de 2020 às 14:25

“Um raio cai sim duas vezes no mesmo lugar”
Wick restaurou o Cristo Rei em duas ocasiões. Estátua fica a 16 metros do chão. Créditos: Gabriel Santos
Estrela

Por muito tempo, o artista Tarcísio Sulzbach, 54, conhecido como Wick, acreditou no ditado popular, até restaurar duas vezes o Cristo Rei da Escola Estadual de Educação Básica Vidal de Negreiros.

Segundo ele, a primeira situação ocorreu em 2004, quando um raio atingiu a cabeça da estátua, após uma tempestade gerar transtornos em toda a cidade. Foram danificados parte do nariz e um olho. A escola também teve que ser reformada, a chuva atingiu computadores e quebrou centenas de telhas.

O fato mais curioso surgiu em 2008 quando Wick recebeu uma ligação da direção da escola. “Disseram que o raio havia atingido o cristo novamente. Quando ouvi isso, achei que era brincadeira. Fui até o local e comprovei. O raio pode cair sim duas vezes no mesmo lugar”, recorda.

Esta seria a segunda restauração e durou cerca de três semanas. Andaimes foram montados até a cabeça do Cristo, que foi novamente atingida. Desta vez, orelha, nariz e olho foram destruídos. “A estátua mede seis metros de altura e fica a 16 metros do chão, o que dificultou muito a restauração”, comenta.

Ciência explica

Conforme o Núcleo de Informações Hidrometeorológicas (NIH) da Univates, o fato da estrutura do Cristo Rei estar em um ponto mais alto da cidade favorece a incidência de raios no mesmo local e contraria o mito popular. Uma prova disso é o Cristo Redentor no Rio de Janeiro que recebe mais de seis raios por ano. Os números são comprovados pelo Grupo de Eletricidade Atmosférica (ELAT) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

Campos e cargas elétricas costumam se concentrar nas extremidades de qualquer objeto, portanto não é de se estranhar que prédios, monumentos pontiagudos, copas de árvores e cabeça de pessoas sejam alvos vulneráveis.

O Núcleo de Informações ainda revela uma curiosidade. Para o município de Estrela, a concentração de raios é de 2,35 por Km²/ano. No ranking estadual, a cidade é a 437ª colocada em incidência de raios.

A construção do Cristo Rei

São poucos os registros históricos que explicam a construção do Cristo Rei da Escola Vidal de Negreiros. Um arquivo guardado na secretaria, revela que o construtor da estátua era italiano e as obras começaram logo após o lançamento da pedra fundamental da própria escola que ocorreu no dia 22 de outubro de 1950. A planta era de autoria de Herbert Persson.

Mais de 40 trabalhadores trabalharam na construção. Inicialmente foi erguida uma camada de tijolos e sobre eles foi posto massa de cimento forte. Antes de secar a massa, o escultor foi moldando-a e transformando em traços do corpo e cabeça. Os instrumentos usados eram de ferro com diversos formatos, os quais riscavam a massa sobre os tijolos.

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