“Precisamos ser corajosos,  pensar positivo e ter muito amor”

Abre Aspas

“Precisamos ser corajosos, pensar positivo e ter muito amor”

A artesã Arlete Bugs Hepp, 57, é natural de Marques de Souza. Passou por provações na vida desde cedo. Com 27 anos foi diagnosticada com câncer. Havia casado faziam poucos meses. Da angústia do início do tratamento até a cura, aprendeu que não há espaço para fraquejar diante das dificuldades.

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“Precisamos ser corajosos,  pensar positivo e ter muito amor”
Vale do Taquari
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• Como se tornou artesã?

Foi após superar as doenças. Eu precisava de uma ocupação. Primeiro foi com o câncer. Anos de batalha para curar e graças a Deus fiquei bem. Depois, em 2011 fui diagnosticada com problemas no coração e precisei parar de trabalhar.

Não posso fazer o que fazia antes. Evitar esforços, como subir escadas, caminhar, fazer força. Então o artesanato surgiu para ter uma atividade. Quando eu era menina fazia tricô e crochê. Voltei a trabalhar com isso e entrei nas associações de artesãs. Passei a me envolver mais na comunidade e inclusive hoje faço parte do grupo de turismo de Marques.

• De que forma a descoberta do câncer lhe impactou?

Faz trinta anos que me curei do câncer. Na época, tinha casado fazia poucos meses e comecei a emagrecer. Também sentia muita falta de ar. Fui em diversos médicos e fizemos os exames, que constataram a doença. Eram ínguas que saiam pelo corpo. O tratamento foi todo em Porto Alegre.

Foi difícil. Lembro que tudo que era problema eu tive. Peguei até meningite. Fiquei meses paralisada da cintura para baixo. Eu coloquei na cabeça que ia vencer. Fazia muito esforço para caminhar. Eu rastejava, engatinhava pela casa. Até que consegui. Nunca desisti.

• O que essas dificuldades lhe ensinaram sobre a vida?
Aprendi que precisamos ser corajosos, pensar positivo e ter muito amor. Quando o médico me disse que eu estava com câncer, foi como se eu tivesse perdido o chão. Naquela época, quando se falava nessa doença era morte na certa. Eu lembro que eu estava mal. Amarela, magra, sem força. As pessoas vinham falar comigo, perguntava: como você está? Mesmo daquele jeito, eu sempre dizia que estava bem, que tudo ia ficar bem. Nunca me queixei nem entreguei os pontos. A vontade de viver sempre me acompanhou.

• Com relação ao artesanato, por muito tempo se falou que essa atividade corria risco de acabar devido ao pouco interesse dos jovens. No entanto, há movimentos crescentes em termos desse tipo de produção. Como a senhora avalia o cenário atual?

Fico admirada pois vejo muitas moças jovens se inscrevendo em cursos, querendo aprender e fazer artesanato. Muitas não têm o interesse de fazer para vender, mas de ter peças próprias dentro de casa.

Viver de artesanato é muito difícil. Eu faço por que gosto, mas principalmente para ter uma ocupação. Como sempre trabalhei com comércio, precisei reduzir o esforço e tornei o artesanato como uma forma de me cuidar também.

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