“Com a idade que tenho, jamais imaginei que me adaptaria à atualidade”

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“Com a idade que tenho, jamais imaginei que me adaptaria à atualidade”

Com 50 anos de atuação na região, o cabeleireiro Sílvio José de Vargas (o “Silvius”), 70, é um apaixonado pela profissão que herdou do pai e do avô. Herança que compartilha atualmente com a esposa e com dois de seus filhos

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“Com a idade que tenho, jamais imaginei que me adaptaria à atualidade”
Lajeado

• Como foi o começo da profissão quando não era tão popular?

Eu comecei em um período de transição quando haviam barbearias e salões de beleza. Eu fui um dos primeiros a unir estas funções, atendia homens e mulheres no mesmo espaço. Nas capitais, por exemplo, já existiam lavatórios de cabelo para homens, mas na região eu fui o pioneiro neste equipamento. A regalia do ar-condicionado também fui um dos primeiros a oferecer no Vale. Comecei em 1970 como profissional, mas já cortava cabelo na adolescência. Hoje me considero o cabeleireiro mais antigo da região, quem era mais velho já morreu.

• Quais pessoas mais célebres que você já atendeu?

Já atendi desembargadores, deputados estaduais e federais, além de diversos prefeitos da região. Porém, considero como mais importantes as pessoas que alavancaram e auxiliaram no início da carreira. Os ilustres para mim são pessoas como Valdir Sulzbach, Lauro Mathias Müller e Wilson Feldens, que eram meus clientes quando ainda atendia em Estrela e me ajudaram a vir para Lajeado.

• Quais inovações sua profissão acompanhou?

Fui o primeiro cabeleireiro gaúcho a ter um programa de computador de corte de cabelo. O projeto foi apresentado na Expovale de 1994 e produzia, montava e mostrava como o corte ficaria na face dos clientes. O programa foi desenvolvido nos Estados Unidos e foi um marco quando ainda não se falava de internet.

• Muitas pessoas vão ao cabeleireiro para conversar. Te sente como um terapeuta?

Eu já atendi muitos médicos e terapeutas, mas não sou um (risos). Sempre gostei muito de ouvir os clientes e da profissão de um psicólogo, inclusive minha filha é formada nesta profissão, mas não foi por influência minha.

• Qual o segredo de se manter tantos anos nesta profissão?

Estar sempre atualizado e isso vale para qualquer profissão. Sempre se renovar no quesito de atendimento e na qualidade de produtos. E hoje em dia, a atualização está mais rápida. Antes eu participava de congressos em outros estados. Hoje, posso me atualizar via internet. Com o passar dos anos algumas frases de clientes também mudam. Os clientes não perguntam mais “o que está na moda?”, hoje eles chegam com a moda. Nos últimos 20 anos isso mudou. O cliente ajuda com as novidades. Com a idade que eu tenho, jamais imaginei que me adaptaria a atualidade. A minha habilidade me acompanha. Enquanto estiver com saúde e lucidez, vou continuar a exercer a profissão.

• Como analisa a profissão tendo em vista que a família seguiu nela?

Considero essa profissão é maravilhosa, meu avô e meu pai já cortavam cabelo. Hoje, minha esposa e dois filhos também seguem nela. Tenho a garantia que a tecnologia não vai terminar com a profissão, ela exige o contato humano.

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