“Carnaval é momento de refletir sobre quem somos”

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“Carnaval é momento de refletir sobre quem somos”

Responsável pela Casa de Cultura de Bom Retiro do Sul e contador de histórias nas escolas, Marciano Schwengber vive o Carnaval desde os anos 90. Após 22 anos ajudando a Escola de Samba Inhandava, ontem pela primeira vez desfilou como Rei Momo.

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“Carnaval é momento de refletir sobre quem somos”
Vale do Taquari
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• O que significa o carnaval para você?

Significa um momento de oportunidades. Quem é criativo e quer sair da zona de conforto e quer evoluir, encontra no carnaval oportunidades novas e aprendizagens. Como trabalho na educação, Carnaval é momento de refletir sobre quem somos, o que somos e o que estamos fazendo com tudo isso que estamos vivendo no dia a dia.

• O que aprendeu e o que tenta transmitir como Rei Momo?

Quero transmitir muita alegria e simpatia e mandar muita energia positiva para o povo, já que vivemos em dias tão difíceis.

• Qual foi o carnaval mais inesquecível para você? Por quê?

O mais inesquecível foi em 1990, quando a Inhandava foi campeã Regional com o tema Tributo a Clara Nunes. Eu não desfilava, mas conhecia a história da Escola e por enfrentar dificuldades financeiras para entrar na avenida, ganhar a regional foi algo marcante para toda a população de Bom Retiro do Sul.

• Como você avalia o carnaval aqui no Vale do Taquari?

O Carnaval do Vale tem uma peculiaridade. Em alguns municípios existe uma identidade muito forte do que é o Carnaval, em outros estão construindo essa identidade. Ainda não percebemos que o Carnaval tem a possibilidade de ser cultural, multicultural e até mesmo terapêutico. É um momento de alegria e descontração. Temos que na nossa região perceber que o Carnaval é sim um investimento. Ele faz com que muitas pessoas tenham um emprego, que apresentem sua criatividade a partir das alegorias, das músicas, dos sambas enredos, de roupas. Ele é um momento que mexe com a economia no nosso comércio. Muitas oficinas são feitas em muitos lugares. Inclusive em Bom Retiro do Sul está sendo feito uma oficina de corte e custura de roupas. Isso é um diferencial, pois está dando acesso a muitas pessoas para aprender coisas novas. O carnaval é muito mais investimento do que gasto, então ele deve ser compreendido e trabalhado dessa maneira na nossa sociedade.

• A alegria pode ajudar a enfrentar o dia a dia?

Já existe estudos que indicam que uma pessoa feliz não adoece tão fácil. Portanto muitas pessoas que estão em situações de vulnerabilidade ou estão doentes, elas com o carnaval e sua alegria conseguem enfrentar com mais força, com otimismo. Então o Carnaval também é saudável. Pode se dizer que ele é terapêutico para muitas pessoas.

• Qual ou quais lições que o carnaval pode trazer ao povo brasileiro neste momento?

Uma das lições é de que com pouco se faz muito, principalmente em época de crise. O Carnaval tem que ser um momento de criatividade. Fazer do lixo o luxo muitas vezes. Também trás a lição que todos tem o mesmo direito, tanto que neste ano em Bom Retiro do Sul, saímos do tradicional. O Rei Momo, que sempre foi uma pessoa acima do peso e muitas vezes esdruxula, acabou sendo uma pessoa um pouco mais jovem, magra. Uma pessoa que faz parte da sociedade e que defende seus direitos de gênero. Então temos esse momento de diversidade, porque o Carnaval é pra isso, é para que possamos fortalecer essas crenças que todo mundo tem direito de ser feliz. O Carnaval é isso, é um momento de felicidade. Buscamos valorizar os valores da união, respeito, da identidade, do direito a sua sexualidade e do direito da sua vez e voz.

• Qual a sua relação com a Inhadava?

É de amor, respeito e admiração pela sua história. Garra, de correr e de se inventar que possa estar na avenida representando o seu povo.

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