Menor safra de fumo em quatro anos

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Menor safra de fumo em quatro anos

Excesso de chuva em outubro e escassez nos meses de novembro e dezembro tendem a reduzir colheita no Estado em até 35%. Produtores mantém produto estocado para aguardar definição sobre o preço pago pela indústria

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Menor safra de fumo em quatro anos
Isolde classifica das folhas estocadas à espera de uma definição do preço. Crédito: Giovane Weber
Vale do Taquari

A alta umidade em outubro e a falta dela nos dois meses seguintes, causou sérios prejuízos nas lavouras de tabaco da região. Conforme levantamento da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), a produção deve ficar em 611 mil toneladas.

Com isso, a colheita deve ser a menor registrada desde 2015/2016. Já a área plantada diminuiu de 145,2 mil para 126,9 mil hectares. Mesmo assim, o Rio Grande do Sul continua sendo o maior produtor de tabaco do país, responsável por 40% da produção total.

Na lavoura da família Lenhart, de Forquetinha, a área caiu de 150 mil para apenas 100 mil pés neste ciclo. A falta de mão de obra e o preço abaixo do esperado na safra anterior motivaram a redução.

Embora as condições climáticas tenham afetado a cultura, a produtividade e a qualidade são consideradas satisfatórias. “A chuva atrapalhou o desenvolvimento e o sol quente em novembro queimou muitas folhas. Mas a cor ficou boa e por isso acreditamos em uma remuneração mais justa”, comenta Isolde.

A estimativa é de colher 1 mil arrobas. Praticamente toda safra está estocada enquanto aguardam uma definição do preço pela indústria. “Esperamos receber acima de R$ 150 por arroba para cobrir as despesas”, calcula.

Menos dinheiro

A chuva tardia foi insuficiente para recuperar a produção do fumicultor Alexandre Busata, 39, de Boqueirão do Leão. Estima perda de 40% no volume em relação ao ciclo anterior. “No ano passado a média chegou a 10 arrobas a cada mil pés colhidos. Este não passa de seis”, lamenta.

O prejuízo é de 60 arrobas por hectare. O sol queimou as melhores folhas da planta e a chuva chegou tarde demais. Busata cultiva 30 mil pés de tabaco e projeta colher 180 arrobas este ano. No bolso, o impacto negativo é estimado em R$ 17 mil. “Acho que vou conseguir pagar as despesas, mas isso ainda depende da comercialização”, ressalta. No ciclo anterior, obteve uma média geral de R$ 140 por arroba.

Sobre o preço pago pela indústria, está pessimista. Um agricultor trouxe o fumo de volta, pois queriam pagar abaixo do valor da classe, acrescenta.

Queda de 69 mil toneladas

A quebra pode chegar a 30% devido à seca verificada entre dezembro e janeiro. A estimativa é do presidente da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Benício Albano Werner. Se confirmada, representa uma redução de 69 mil toneladas na safra 2019/2020.

“Projetamos colher 611 mil toneladas, de um total de 684 mil toneladas esperadas. Em alguns casos as perdas na lavouras podem chegar a 35%, enquanto a média no RS ficará em 18%”, calcula. Conforme ele, a falta de umidade afetou o tabaco em plena fase de desenvolvimento.

Quanto ao preço pago, Werner diz que os produtores consultados demonstram satisfação. Alerta apenas para a presença de atravessadores, resultado da falta de acordo com as fumageiras. No dia 5 de março, na reunião do Foniagro, as entidades vão apresentar denúncia contra as empresas que não cumpriram com as regras estabelecidas.

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