“Nos sentimos igual a soldados indo para guerra”

Coronavírus

“Nos sentimos igual a soldados indo para guerra”

Profissionais falam como é o enfrentamento ao coronavírus na ótica de quem trabalha na linha de frente do sistema de saúde

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“Nos sentimos igual a soldados indo para guerra”
Vale do Taquari

A maior pandemia da história recente desafia médicos, enfermeiros e demais trabalhadores da saúde. Dentro dos postos, hospital e clínicas particulares, eles lidam diretamente com pacientes e se arriscam na tentativa de conter o avanço do novo coronavírus.

Linha de frente

No Hospital Bruno Born de Lajeado, uma unidade foi montada com seis leitos de observação e oito leitos para tratamento dos casos confirmados. Coordenador médico da emergência, André Pinheiro Weber, antecipa que a capacidade deverá lotar e novas estruturas serão adaptadas para atendimentos de pacientes com a covid-19.
O fato da doença apresentar sintomas apenas sete dias após o contagio faz Weber acreditar que o número de contaminados na região seja muito maior que o atual: cinco casos em Lajeado, um em Cruzeiro do Sul, um em Estrela e dois em Anta Gorda (conforme informações da coordenadoria regional de saúde). Uma média de 20% dos infectados precisam de internação hospitalar.

Em meio ao provável aumento no número de casos, Weber destaca a preocupação de profissionais de saúde. “Nos sentimos igual soldados indo para uma guerra. É uma doença nova e não temos certeza de como agir contra ela”, sustenta.
Em países como Itália e Espanha, os profissionais de saúde correspondem a cerca de 10% dos infectados. Weber reforça a preocupação dos enfermeiros e médicos que mantém cuidado extra ou até se afastam de familiares em situação de risco.

“Provavelmente muitas pessoas terão a doença. O que a gente pensa é se não trabalharmos, o que pode acontecer nesse momento? É o nosso papel combater o vírus”, conclui ao destacar a importância da população se manter em casa e evitar contato com outras pessoas.

“Temos medo do desconhecido”

Os profissionais do HBB já sentem a mudança na rotina. Uma equipe foi montada para tratar especificamente do enfrentamento ao covid-19. A carga horário desses profissionais foi alterada para 12 horas de trabalho e 36 de descanso.
Para cuidado próprio, os profissionais ganharam uma série de equipamentos de proteção individual (EPI’s). Se trata do avental de isolamento, luvas, máscara, óculos de proteção, gorro, pró-pés e o pijama hospitalar.

“Estamos bem orientados e temos os equipamentos de proteção necessários”, sustenta a enfermeira Patrícia da Rocha. Mesmo assim, a profissional que atua faz 20 anos na enfermagem destaca o temor dos profissionais. “A gente fica angustiado, não só por nós, mas pelos familiares. É uma doença nova e temos medo do desconhecido”, afirma.
Ver a homenagens aos profissionais de saúde foi considerado um dos momentos marcantes, destaca Patrícia. “Quando ocorreu a salva de palmas na Itália, achei lindo, mas não imaginei que os aplausos chegariam aqui. Isso dá força pra gente continuar”, afirma. Em Lajeado, as homenagens ocorreram a partir da sexta-feira, 20.

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