Árbitros vivem indefinição em meio à paralisação do futebol

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Árbitros vivem indefinição em meio à paralisação do futebol

Com remuneração por partida apitada, juízes e auxiliares ficam sem renda com a suspensão de todas as competições no território nacional

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Árbitros vivem indefinição em meio à paralisação do futebol
Juarez Júnior mantém a sua preparação em dia e espera que as atividades retornem logo - Foto: Arquivo Pessoal
Vale do Taquari
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Enquanto clubes e jogadores debatem uma possível redução de salários em meio à crise do coronavírus, uma outra classe, a dos árbitros, está sem receber. Remunerados por partida, juízes e auxiliares ficam sem renda com a suspensão de todas as competições no território brasileiro. O futuro é incerto.

Na elite do futebol brasileiro e até no estado, vários árbitros se dedicam integralmente a apitar jogos. Com isso, o clima na categoria é de apreensão, uma vez que não há previsão de retorno do futebol.

Árbitros que apitam competições nacionais e estaduais revelaram apreensão com a falta de renda sem partidas acontecendo, e com a ausência, até o momento, de um plano de contingência por parte de federações e confederações. Embora a profissão não seja regulamentada, e a remuneração seja por partida apitada, vários árbitros tiram seu sustento exclusivamente dessa atividade.

“Estamos vivendo sem ter expectativa”
Natural de Santa Cruz do Sul e morador de Lajeado, Juarez de Mello Júnior, 29, se formou árbitro pela Federação Gaúcha de Futebol em 2013. Ele estava trabalhando na Divisão de Acesso, tendo sido auxiliar na partida entre Avenida x Bagé, no dia 11, quando as atividades paralisaram.

Assim como a maioria dos árbitros e bandeirinhas, Júnior tira da arbitragem o seu sustento. Sem jogos, não há dinheiro. “Nós sabemos que nesse ramo, se quisermos ter um objetivo maior, devemos nos dedicar especificamente à arbitragem”, comenta.

Os jogos pela federação podem ocorrer em qualquer dia da semana, com isso, fica inviável manter outra profissão paralela à arbitragem. “Nenhuma empresa vai aceitar que eu peça folga para sair do trabalho por causa que tenho que arbitrar. Então eu vivo da arbitragem pela federação. Também trabalho em competições amadoras, mas elas também estão suspensas”, avalia Júnior.

Ele diz que o susto foi grande quando as notícias de que os campeonatos parariam em função da pandemia foram concretizadas. “Está complicado, estamos vivendo sem ter expectativa de nada. Por outro lado, é  claro que sou a favor de parar tudo, pois é algo muito sério e a saúde vem em primeiro lugar.”

Os treinamentos diárias continuam sendo feitos. O árbitro treina em três turnos. De manhã, faz academia. Na tarde e na noite, corre cerca de nove quilômetros. Com a situação atual, a diferença é que os trabalhos estão sendo feitos em lugares e horários que não tenham uma alta circulação de pessoas.

Para o futuro da temporada, fica a incerteza. Júnior considerava que 2020 seria o ano de alavancar a sua carreira. No final do ano passado, ele participou da pré-temporada com todos os árbitros gaúchos, e na temporada atual, ele esperava subir para a primeira divisão. Sonho que, por enquanto, está interrompido.

Felipe da Rocha estaria trabalhando nos campeonatos da Soges e do Sete de Setembro  – foto: Arquivo Pessoal

“Seguimos em frente nos preparando na medida do possível”

Diferente de Júnior, Felipe da Rocha, 38, trabalha apenas em competições amadoras locais, além dos clubes sociais da região. Ele iniciou como auxiliar aos 16 anos no Campeonato Municipal de Lajeado. Atualmente, ele estaria trabalhando nos campeonatos da Soges e do Clube Sete de Setembro.

Rocha tem na arbitragem uma importante fonte de renda, mesmo que recentemente tenha iniciado em outra profissão. “Nós árbitros estamos na mesma situação dos atletas e equipes. Sentimos falta dos jogos e do dinheiro que eles trazem, mas seguimos em frente nos preparando na medida do possível.”

Ele considera certa e necessária a paralisação, principalmente por se tratar de saúde, mas aguarda ansioso o retorno das atividades.

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