O ano em que Colinas não terá Páscoa

tradição suspensa

O ano em que Colinas não terá Páscoa

Moradores e comércio sentem impacto. Programação pascal é a principal atração turística do município

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O ano em que Colinas não terá Páscoa
Vale do Taquari

As ruas de Colinas estão vazias. Atípico para a época do ano. Conhecido por ter uma das programações pascal mais tradicionais do Vale do Taquari, o município sentiu ainda mais o impacto do coronavírus.

Um mês inteiro de atividades estava organizada entre 21 de março até 12 de abril na Páscoa Mais Doce. Colinas realizaria distribuição de doces, via sacra, venda de artesanato e a tradicional caça ao ninho. Tudo foi cancelado antes mesmo de iniciar.

“É um sentimento estranho, inclusive pra quem teve de decidir pelo cancelamento. Deixa marcas na comunidade, principalmente no comércio que tem retorno financeiro”, relata a secretária de Educação, Cultura, Turismo e Desporto, Aline Horst.

Em março deste ano, o governo municipal e voluntários já haviam decorado a cidade com mais de 600 bonecos de coelhos, pirulitos, balas e cenouras – cerca de 60% da decoração. A maioria dos ornamentos já foi retirada para evitar a circulação do público.

O concurso de melhor ornamentação também foi cancelado, destaca a secretária. “Temos que primar pelo isolamento social neste momento. Não podemos incentivar a aglomeração de pessoas”, reforça.

Prefeito Sandro Hermann afirma que a comunidade já estava pronta para receber os visitantes e lamenta o impacto no turismo. “O fim do evento afeta todo o comércio, a comunidade e a prefeitura. Mas temos que garantir o isolamento social e a saúde em primeiro lugar”, afirma o prefeito ao destacar que no próximo ano o evento deve retornar “ainda mais forte”.

A programação de Páscoa é considerada a principal atração turística de Colinas. No ano passado, por exemplo, a cidade de 2,4 mil habitantes recebeu cerca de 50 mil pessoas durante os meses de março e abril.

Impacto na comunidade

Uma fita impede a passagem de pessoas na Praça dos Pássaros, um dos ambientes de Colinas que tradicionalmente recebe o maior número de turistas. Vizinha da praça, Lori Fensterseifer, 79, se entristece ao ver as ruas vazias e com pouca decoração.

Lori recorda do início da programação pascal em Colinas faz cerca de 10 anos. “Começou pequeno com poucos enfeites, mas nos últimos tempos lotava a cidade. Vi gente até de outros estados como São Paulo e Rio de Janeiro por aqui”, comenta.

Proprietário de um restaurante, Walter Mildner, 51, depende quase que exclusivamente do movimento de turistas. Sem a Páscoa deste ano, teme ter de encerrar as atividades no estabelecimento aberto em 2017.

Conforme o empresário, cerca de 150 clientes lotavam o restaurante em noites de programação da Páscoa. “Não há ninguém na cidade, nem se abrisse teria movimento”, acredita. Para Mildner, o fato do município ter uma população pequena dificulta ainda mais a situação dos comerciantes locais.

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