“Temos que parar com esse pandemônio”

Saúde mental na pandemia

“Temos que parar com esse pandemônio”

Psiquiatra Ricardo Nogueira relaciona número de mortes da covid-19 com suicídios e afirma que as unidades de saúde mental “são as únicas lotadas no estado”

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Atualizado sábado,
23 de Maio de 2020 às 08:32

“Temos que parar com esse pandemônio”
Nogueira participou do programa A Hora Bom Dia na manhã de hoje
Estado
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

A depressão, ansiedade e tentativa de suicídio desafiam autoridades em tempos de pandemia. No estado, cerca de 400 pessoas tiraram a própria vida do início do ano até o dia 5 de maio. Quase metade delas (180 pessoas), no período de quarentena, entre 19 de março a 5 de maio.

O tema foi abordado no programa A Hora Bom Dia na manhã de hoje. Para o psiquiatra Ricardo Nogueira, a pandemia trouxe ao Brasil a discórdia, o medo e o terrorismo. “Temos que parar com esse pandemônio”, defende.

Nogueira critica a rigidez no isolamento social e acredita na necessidade de testagem em massa para identificar os focos da contaminação e isolar esse grupo de pessoas. Como exemplo, cita Lajeado, onde quase metade das mortes são de idosos em casas geriátricas. “Estamos fazendo um pandemônio no estado inteiro que acabou com a economia e o emprego de todo mundo”, reforça.

Preocupação do psiquiatra é com o entristecimento e perda de esperança da população devido aos impactos econômicos. Relacionando o número de mortes no período de quarentena, reforça que foram mais casos de suicídio (cerca de 180) do que pelo vírus (161).

“Não são só as pessoas sem trabalho que estão se matando. Os empresários estão tão desesperados quanto os empregados. Ninguém quer desempregar ninguém”, afirma ao destacar a preocupação com os impactos econômicos na pandemia.

Conforme o psiquiatra, o Brasil já é o país com maior incidência e prevalência de ansiedade do mundo. Nos últimos cinco anos, passou para o terceiro país com mais casos de depressão. Ao total, cerca de 6% dos brasileiros (12 milhões de pessoas) são acometidas pelo transtorno mental.

Ele percebe que o Rio Grande do Sul está bem equipado e com capacidade instalada (leitos e UTIs) invejáveis se comparado a outras regiões do estado. Conforme ele, “as únicas alas lotadas no estado são as de saúde mental”.

Recomendações

Para o psiquiatra, os profissionais de saúde são as maiores vítimas do vírus por estarem na linha de frente do combate ao coronavírus. Destaca que isso gerou medo e pede a população que “cuide dos cuidadores”.

Ele reforça ainda a necessidade de testar a população, identificar os focos e trabalhar no isolamento desse grupo de pessoas. Ainda recomenda que a população use máscaras e adote hábitos de higiene como lavar as mãos com álcool em gel.

Ele mostra preocupação com a possibilidade de uma segunda onda da covid-198, caso o vírus possa se modificar e ficar ainda mais violento contra o organismo humano.

Ouça a entrevista completa no link:

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